Olea europaea subsp. europaea var. sylvestris – Zambujeiro

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ABREVIADO

O zambujeiro é a árvore característica da cultura, do clima e das paisagens da bacia do Mediterrânico, mas menos conhecida que a sua variedade cultivada, a oliveira. Nela os homens encontraram cedo, desde a Idade do Bronze, uma fonte de gordura vegetal, que domesticaram e que mais tarde os romanos espalharam em redor do “Mare Nostrum”. Precedentemente, os gregos atribuíram-lhe origem divina como prenda feita aos homens pela deusa Atena. Na Bíblia aparece como símbolo de paz e de esperança, quando a pomba trouxe a Noé o raminho de oliveira, ou talvez de um zambujeiro, anunciando o fim do Dilúvio.

Trata-se de uma pequena árvore, muitas vezes com porte arbustivo que o gado e os fogos pouco deixam medrar. Tronco baixo, copa irregular, folhas pequenas, arredondadas, mucronadas e quase sésseis, flores pequenas também; galhos quadrangulares, rígidos, curtos e sobretudo ramos inferiores providos de espinhos, característica que o distingue da oliveira, esta, totalmente desprovida de picos.

 

Família: OLEACEAE

Nome científico: Olea europaea subsp. europaea var. sylvestris (L.)(Mill.) Lehr

Publicação: (1753), 2002

Grupo: folhosa perene

Nomes vernáculos: zambujeiro, zambuj.a.o, azambujeir.a.o, azambuj.a.o, zambujo-bravo, oliveira-brava, oleastro, oliveira,

Hábito: Árvore ou arbusto perene, de 5 a 10 m, raramente 15 m de altura, com crescimento lento. Tronco curto e grosso com ramificação baixa, por vezes tortuoso, liso e pardo acinzentado nos primeiros anos, tomando-se pardo amarelado ligeiramente rugoso e depois fendilhado; copa ampla, densa, irregular a esférica. Ramos e raminhos opostos, acinzentados, rígidos, esguios, intricados, tetragonais, sendo os inferiores espinhosos.

 

Folhas: opostas, quase sésseis com pecíolo de ± 1 mm, margem inteira; limbos pequenos 7-13 x 4-6 mm, elípticas ou ovadas, de consistência coriácea, rígidas, obtusas, mucronadas ou não; de cor verde-acinzentado escuro brilhante na página superior e branco-prateado na inferior, cor devida a uma densa cobertura escamosa, de onde a nervura principal sobressai.

Flores: flores regulares, hermafroditas; aromáticas, agrupadas em rácimos densos de 3-7,8 cm, de 10 a 20 flores, nas axilas das folhas e mais curtos que estas. Cálice pequeno, corola branca, com 4 pétalas estreladas e soldadas na base, com 4 lóbulos; 2 estames de filamentos curtos, 2 anteras amarelas saindo pouco do tubo da corola.
A época de floração ocorre de finais de Março a Junho, conforme o clima.

Frutos: drupas, (os zambujinhos), pequenas, elipsóides, pouco carnosas, com diâmetro inferior a 10-12 mm de diâmetro por cerca de 8-12 mm de comprido; verde primeiro e negro brilhante quando maduras no Outono – de Outubro a Dezembro. Cada zambujinho contém um único caroço, castanho, liso, sem rugosidade.
Os frutos são espalhados por várias espécies de animais, principalmente pássaros: estorninhos, tordos e pegas.

Gomos: opostos, ovóide, muito pequenos, acinzentados e tomentosos.

Ritidoma: quando adulto tem ritidoma cinzento e fendilhado; tronco grosso, tortuoso e retorcido nos indivíduos velhos; galhos inferiores rígidos, espinhosos e com internódios curtos, quando jovem.

 

Habitat: arbusto ou árvore de plena luz, heliófila e característica do clima mediterrânico com grande resistência à seca e ao calor. Desenvolve-se em encostas soalheiras, matos altos, matagais secos e no estrato arbóreo das florestas mediterrânicas, constituindo bosques, os zambujais. Aceita todo o tipo de substrato, inclusive os pobres e pedregosos, mas prefere os básicos e ricos em nutrientes como os argilosos profundos; possui um enraizamento muito ramificado. Não tolera nem a humidade excessiva nem as temperaturas baixas, morre a partir das mínimas negativas de 7-10º C.

Ocorre do nível do mar até 900 metros.
Possui uma grande longevidade, podendo viver 2000 anos e mais.
Frutifica a partir de ± 10 anos.

Propagação: por semente, por estaca, renova bem pelo cepo.

 

Distribuição geográfica: espontâneo em toda a zona mediterrânica da Península Ibérica e restante região do Mediterrâneo até ao Médio Oriente.

Em Portugal: o zambujeiro é nativo em Portugal, onde ocorre no vale do Douro, Centro, (excepto zonas montanhosas) e Sul. Desenvolve-se em locais ensolarados, solos calcários, como na serra da Arrábida, montados de sobro e de azinho, matos e matagais secos, terras pobres e ou pedregosas, sem interesse para a agricultura ou abandonadas por esta. Forma por vezes, se o homem o deixar, bosquetes e bosques: os zambujais.

 

Usos: o zambujeiro é uma espécie muito rústica, resistente à seca e ao calor, fora domesticado desde a Idade do Bronze. Serviu e continua a servir de porta-enxertos para as centenas de variedades de oliveira existentes (Olea europaea subsp. europaea var.europaea).

Várias descobertas arqueológicas têm confirmado que a domesticação do zambujeiro, ocorreu um pouco por todo o Mediterrâneo, e não só apenas no Mediterrâneo Oriental. O interesse alimentar dos seus frutos, (azeitonas e azeite) motivou cruzamentos e apuramentos para obter frutos de maior tamanho. A protocultura começou desde a Idade do Bronze e provocou pequenas modificações morfológicas em relação à variedade silvestre (zambujeiro), mas ambas continuam a ser consideradas como duas variedades de uma mesma subespécie europeia interfecundas.

A sua madeira, homogénea, compacta, pesada e de grão fino, possui elevada resistência. Colorida de ocre amarelo, por vezes avermelhada ou esverdeada, com veios irregulares e manchada de castanho ou preto acastanhado. Quando polida, adquire um bonito brilho, convém particularmente em tornearia, na fabricação de pequenos utensílios domésticos e em ornamentos esculpidos.

 

 

O género Oleaceae, possui cerca de 20 espécies

O género Olea, da família Oleaceae, tem cerca de 20 espécies e são nativas de regiões temperadas e tropicais do sul da Europa, África e sul da Ásia. Esta família botânica tem por característica de serem árvores ou arbustos de folhas pequenas, perenes, opostas e sempre inteiras. O fruto é uma drupa.

Onde ver zambujeiros na zona de Lisboa?

No Parque Botânico da Tapada da Ajuda, onde se encontra a Reserva Botânica António Xavier Pereira Coutinho, é possível observar vários bosques de zambujeiros bem conservados. Estes zambujais de vegetação natural têm um elevado valor de conservação da espécie. É também possível ver núcleos de zambujeiros no Portinho da Arrábida e restante serra.

Zambujeiros e Oliveiras são Interfecundas

Os zambujeiros e as oliveiras (variedades cultivadas) são interfecundas. Situação que provoca todos os intermediários possíveis que vai da oliveira-brava à variedade criada pelo homem ou que este seleccionou a partir das variedades que o acaso colocava à sua disposição. No entanto, considera-se que o zambujeiro continua a ser um importante recurso genético para a espécie cultivada.

O Zambujeiro, uma Árvore Florestal

O zambujeiro é considerado como árvore florestal, apta em desenvolver-se em climas e terras soalheiras com uma pluviosidade baixa. Cresce em solos pobres e até esqueléticos. Características que proporcionam a sua utilização em repovoamentos florestais, conjuntamente com outras espécies que têm os mesmos atributos como a azinheira (Quercus rotundifolia), ou a aroeira (Pistacia lentiscus) e restante cortejo de plantas de bosques perenifólios.

 

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Em 2003, O Sistema de Classificação APG II, estabeleceu que o nome científico do zambujeiro, é Olea europaea subsp. europaea var. sylvestris.

As fotografias com flores e frutos de zambujeiro aqui presentes, provêm do sítio botânico “www.teline.fr“.

 

 

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