Pistacia lentiscus – Aroeira

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Aroeira, Lentisco, Alfostigueiro

ABREVIADO

Aroeira, arbusto modesto, excepto em largura; o lentisco ou aroeira, encontra-se frequentemente nas terras do centro e sul de Portugal. Raramente ultrapassa os 5 metros de altura por outros tantos de largura. Folhas compostas que no Outono e Invernos não negam o vermelho vivo; vermelhas são também as suas flores masculinas assim como as bagas antes do negro da maturidade. As moitas de aroeira pincelam de vermelho as paisagens solarengas em redor do Mediterrâneo, primeiro com a floração e depois com os seus frutos.

Arbusto generoso que evoca o requintado Oriente. Haréns onde esposas mascavam a sua resina com o fim de obter a brancura dos dentes e hálitos perfumados a que os sultãos eram sensíveis. Frutos que premidos dão óleos que iluminam, sabonetes que purificam as pelas, ou que curam os diversos males. São estas e tantas outras imagens, visuais, olfactivas sensitivas, que oferece o daro, um dos numerosos nomes da aroeira

 

Família: ANACARDIACEAE

Nome científico: Pistacia lentiscus L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa perene

Nomes vernáculos: aroeira, lentisco-verdadeiro, lentisco, alfostigueiro, almessigeira, darmacho, daroeira, daro, moita-do-daro, árvore-do-mástique

Hábito: arbusto resinoso e aromático de folha persistente com 1- 4 m de altura por 2 a 3 m de largura, ocasionalmente pequena árvore até 8 m de altura; possui copa larga, arredondada ou irregular, densamente ramificada desde a base. Raminhos esverdeados ou avermelhados com lentículas claras, ramos cinzento-acastanhados e verrugosos; um ou vários troncos acinzentados e curtos com ritidoma glabro primeiro, acabando por se escamar.

 

Folhas: alternas, compostas (paripinuladas = sem folíolo terminal), glabras, com pecíolo avermelhado e ráquis alados; folíolos sésseis, opostos, inteiros, elípticos de contorno oblongo-lanceolado e mucronados; espessos e de textura coriácea, em número par (até 12), com 2 a 5 cm de comprimento e 0,5 a 1 cm de largura, todos idênticos com nervura principal pálida, bem visível; página superior brilhante, verde-escuro e a inferior mate e verde-pálido.
As folhas da aroeira adquirem por vezes um colorido vermelho intenso. Isto acontece mais no Outono ou Inverno e pode abranger a totalidade do arbusto ou somente alguns ramos.

Flores: inflorescência dióica de 2-5 cm disposta em espigas curtas axilares, paniculada, densa, com pedúnculos curtos. Flores masculinas sem corola, com 5 sépalas, 5 estames e grandes anteras vermelhas; as femininas, sem corola também, com 3 a 4 sépalas e um estilete, com 3 estigmas púrpuros ou amarelados.
A floração vai de Março a Maio.

Frutos: drupa globosa, pouco carnuda, com cerca de 4 mm de diâmetro; vermelha no início e depois anegrada na maturação, que ocorre no Outono entre Setembro e Novembro.
As drupas são comestíveis, mas sem grande interesse gustativo.

Gomos: pequenos, arredondados e castanho-avermelhados.

Ritidoma: ritidoma acinzentado, glabro primeiro, fissura levemente e acaba por se escamar com a idade.

 

Habitat: desenvolve-se em solos drenados, inclusive os secos, rejeita os húmidos; com preferência por substratos calcários, aceita igualmente os outros solos: arenosos, pedregosos, pobres e áridos. Espécie da flora mediterrânica, adaptada à seca, ao calor do estio, ao vento, à maresia e vento marítimo. Procura a plena exposição solar, mas suporta a sombra leve. Ocorre em bosques e matos mediterrânicos, matagais, carrascais e montados de azinho, encostas secas e beiras de caminhos; prefere altitudes inferiores a 600 m (excepcionalmente 800 a 1000 metros); tem fraca resistência ao frio, podendo suportar geadas fortes e temperaturas negativas breves, que não excedem os – 8°C.
Arbusto de crescimento lento, com uma longevidade de cerca de 100 anos.

Propagação: por semente, estaca ou chanta (no período do Verão), rebenta facilmente de touça.

 

Distribuição geográfica: espécie nativa da região mediterrânica. Existe em toda a bacia do Mediterrâneo, assim como em Portugal e ilhas Canárias.

Em Portugal: ocorre no centro e sul do País, sendo raro a inexistente nas províncias do norte.

 

Usos: o alfostigueiro é um belo arbusto, tanto no meio natural como em jardins. Pode ter o porte de uma pequena árvore destacável, ou ser um elemento na composição de maciços arbustivos. Também pode, como no caso do buxo, utilizá-lo como planta topiária. A poda deve ser feita na Primavera, de preferência em Março.
Outra utilização possível, já que aceita docilmente a poda, consiste em plantar o lentisco em sebes, combinados com outros arbustos, às quais dá cor e biodiversidade. Por último, é um arbusto pouco exigente em manutenção, em rega e na qualidade do solo.

Quanto à sua madeira, esta é considerada excelente. Dura, de grão fino, ligeiramente rosada ou ocre, com veios amarelos. É procurada para trabalhos de ebanisteria, marcenaria e de embutidos. As fracas dimensões que os troncos podem atingir, devido ao gado e aos fogos, limitam no entanto, a sua utilização.

 

 

Na aroeira tudo é bom

O género Pistacia inclui a pistácia, pistaceira ou pistacheiro (Pistacia vera), cujas semente, os pistácios, pistachas ou pistachos, uma vez torrados e salgados, são muito apreciados nos momentos de convívio. As sementes da aroeira e da cornalheira (Pistacia terebinthus), que eu saiba, não são consumidas entre nós. As pequenas amêndoas da aroeira, servem de ingrediente nas doçarias dos países norte-africanos e árabes.

A mástique de Quios

Mais conhecida mundialmente é a mástique de Quios ou Chios (nome de uma ilha grega localizada no mar Egeu), resina aromática que os troncos e ramos da aroeira exsudem, após incisão ou corte. Resina denominada almécega que serviu e serve na preparação de cimentos dentários, em odontologia, no fabrico de cosméticos e também de licores, em pastelaria e em confeitaria, mas que no passado fora utilizada como goma de mascar. Era-lhe atribuído a faculdade de sanear os dentes, especialmente por mulheres orientais, pois perfuma o hálito e mantém os dentes brancos – práticas que duraram até ao fim do Império Otomano.

A aroeira tem qualidades curativas !

O outro “brinde” da aroeira é o óleo que se extrai das bagas. Muito usado na iluminação, sobretudo no Oriente, onde era preferido ao azeite nas candeias. No mesmo Oriente, os frutos do lentisco servem para preparar sabonetes, tal como as bagas de loureiro. De uma forma geral, o óleo essencial de aroeira fora utilizado com diversos fins terapêuticos, como distúrbios cardiomusculares, varizes, úlceras gástricas e mais. Pode-se dizer que para além das suas propriedades gustativas, a aroeira é uma verdadeira farmácia: tem propriedades anti-sépticas, antifúngicas e antibacterianas. O óleo de mástique é utilizado contra a bronquite, asma, sinusite, eczema e queimaduras. Quanto às folhas, estas são usadas em chá no combate aos problemas do sistema digestivo (úlcera, colopatia e parasitas).

 

 

As aroeiras do Brasil

São várias as plantas que no Brasil têm a apelação de aroeira. Deve-se dizer que todas as plantas com nome de “aroeira” fazem parte da família botânica Anacardiaceae, tal como a aroeira europeia. As aroeiras do Brasil estão divididas em dois géneros diferentes : Schinus e Lithraea. Na primeira família temos a aroeira-do-campo (Schinus lentiscifolius), a aroeira-rasteira (Schinus weinmanniifolia) e a aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolia); enquanto que na segunda família encontram-se a aroeira-branca (Lithraea molleoides) e a aroeira-brava (Lithraea brasiliensis).

 

 

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