Algumas variedades de oliveira cultivadas em Portugal
Podemos falar de variedades autóctones da oliveira nas cultivares regionais mais comummente cultivadas no nosso território. Nos anos 60 a 80 do passado século, a olivicultura conheceu uma forte baixa de produtividade passando de 90.000 toneladas nos anos 50 para 35.000 toneladas de azeitonas, nos anos 80. A partir da década 90 e sobretudo princípios deste século a olivicultura conhece um forte desenvolvimento, nomeadamente no Alentejo, onde sempre foi uma cultura tradicional.
O azeite português representa 5-7% da produção mundial, sendo reconhecido pela sua alta qualidade. Manter a tipicidade do produto é fundamental que só se pode conseguir com a utilização das variedades autóctones, em sistemas de produção tradicional ou intensivo.
Como o vinho, o azeite têm DOP (denominação de origem protegida). Os apreciadores sabem perfeitamente bem distinguir um azeite de Trás-os-Montes, de um azeite proveniente de Moura.
Segue o quadro com as variedades nacionais mais comuns de oliveira:
Nome da cultivar de oliveira
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Disseminação
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Utilização da cultivar
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Azeiteira, Azeitoneira ou Carrasquinha |
Alto Alentejo e Beira Interior |
Conserva em verde |
Arbequina ou Blanca, es |
Alentejo e Ribatejo |
Azeite |
Bical de Castelo Branco ou Conserva de Elvas, Morisca, |
Beira Interior e Alto Alentejo |
Conserva e azeite |
Bico de Corvo |
Baixo Alentejo |
Azeite |
Blanqueta ou Branquita, Villalonga, es |
Alentejo e Ribatejo |
Azeite e conserva em verde e em preto |
Borrenta ou Borraceira, Borreira |
Trás-os-Montes |
Azeite |
Carrasquenha ou carrasca |
Alentejo e Beira Interior |
Azeite e conserva em verde |
Carrasquenha de Elvas ou carrasca |
Alentejo e Beira Interior |
Azeite e conserva em verde |
Cobrançosa, Quebrançosa ou Salgueira |
Trás-os-Montes, Ribatejo, Beira Alta e Alentejo |
Azeite e conserva em verde |
Cordovil de Castelo Branco |
Beira Baixa |
Azeite e conserva em verde |
Cordovil de Elvas ou Cordovil |
Alentejo |
Azeite |
Cordovil de Serpa, Cordovil de Moura |
Alentejo |
Azeite e conserva em verde. |
Cordovil de Trás-os-Montes |
Trás-os-Montes |
Azeite |
Cornicabra |
Beira Alta e Trás-os-Montes |
Azeite |
Galega vulgar, Galega, Molar, Negrucha |
Beira Interior, Ribatejo, Alentejo, Algarve |
Azeite e conserva em negro |
Verdeal Alentejana, Verdeal de Serpa, Verdeal |
Alentejo |
Azeite e conserva em verde, tipo artesanal britada |
Fonte: Vida Rural de Agosto de 2018 – “Sobre Cultivares de Oliveira” – https://www.vidarural.pt/sobre/cultivares-de-oliveira
As Azeitonas
As azeitonas não são comestíveis no seu estado natural; pelo que necessitam de ser processadas para perderem o sabor muito amargo, intragável mesmo.
Se possível, evite o consumo das azeitonas processadas industrialmente ou enlatadas, devido aos químicos que são utilizados no processo de curtição. Para quem não tem as suas próprias azeitonas, encontram-se à venda nos mercados azeitonas para curtir em casa, o que pode ser feito segundo processos artesanais e tradicionais, muito mais saudáveis.
Sabe-se que as azeitonas, embora sejam calóricas, são ricas em minerais (Cálcio, Ferro, Magnésio, Fósforo, Potássio) mas também em vitaminas A, C, E, K e do complexo B, além de possuírem forte poder antioxidante e propriedades anti-inflamatórias. Por seu lado, o azeite é dos óleos mais saudáveis para a alimentação humana e ajuda a prevenir diversos tipos de doenças.
Existem variedades mais voltadas para a produção de azeite e outras voltadas para o consumo em conserva, já que nem todas as variedades se conservam bem. Algumas das mais comuns para a produção de azeitona de mesa são a “Galega”, a “Carrasquenha”, a “Cordovil de Castelo Branco”, a “Maçanilha Algarvia” Azeitoneira, e a “Verdeal”.
O Azeite
Nem só o bacalhau é “ o fiel amigo” dos portugueses; imaginem a nossa cozinha sem azeite, impossível! aliás, muitos dos pratos de bacalhau, como sabem, são regados de azeite, dando-lhos aquele sabor tão especial. Além de ter sido utilizado para fins médicos e religiosos, o azeite permanece um componente essencial de uma dieta saudável. Enquanto ácido gordo mono saturado, o azeite não tem o mesmo efeito para o aumento dos índices de colesterol que as outras gorduras saturadas apresentam. O azeite é também uma boa fonte de antioxidantes e ao contrário dos óleos de sementes, mantém-se estável na sua estrutura química a temperaturas relativamente altas devido ao seu alto teor de antioxidantes e ácido oleico.
O azeite virgem (o primeiro a ser extraído), além de muito apreciado na alimentação, é aplicado medicinalmente como medicamento, pelas suas propriedades colagogas e laxantes. É ainda largamente utilizado na indústria de cosméticos e sabõe.
O “
Museu do Azeite de Bobadela“, oferece uma autêntica imersão na olivicultura, assim como provas dos diferentes azeites nacionais; os miúdos adoram.
Por fim, aconselhamos também o “
Museu do Azeite, Moura“, que está instalado no Lagar de Varas do Fojo, no município de Moura, no Alentejo.
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Em 2003, O Sistema de Classificação APG II, estabeleceu que o nome científico da oliveira, é: Olea europaea subsp. europaea var. europaea