Ligustrum vulgare – Alfeneiro

Corimbos de frutos em maturação, sabugueiro madeirense - Sambucus lanceolata
Sambucus lanceolata – Sabugueiro Madeirense
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folhas pequenas e mucronadas de zambujeiro - Olea europaea subsp. oleaster var. silvestris
Olea europaea subsp. europaea var. sylvestris – Zambujeiro
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Alfeneiro - Ligustro - Santoninhas

ALFENEIRO : ABREVIADO

Arbusto conhecido popularmente pelos nomes de alfena, alfenheiro ou alfeneiro, a palavra ligustro também o nomeia e designa genericamente as árvores e arbustos do género Ligustrum da família das Oleáceas.
O termo deriva do verbo latim ligare (ligar, unir, atar em português). Com efeito, os jovens ramos deste arbusto, muito flexíveis, serviam para atar ou ligar, sob o Império Romano, tal como os vimes entre nós.
Apenas a espécie Ligustrum vulgare, a alfena, é originária da Europa. Estes arbustos foram e continuam a ser muito utilizados na constituição de sebes, e cujas folhas, ramos e frutos eram tradicionalmente usados para tingir.  Por fim, também são nomeados santantoninhas, santoninhas ou antoninhas, pois costumam estar em flor em Junho, pela altura do Santo António.

Arbusto, geralmente com 3 m de altura; possui várias hastes; copa pouco definida. Folhas lanceoladas e brilhantes em ambas as faces. Nos finais da Primavera cobre-se de tirsos ou panículas de pequenas floras perfumadas, que no Outono dão uma grande profusão de bagas negras, brilhantes. As bagas muito amargas, desagradam às aves e pequenos mamíferos que as deixam persistir nos ramos durante o Outono e parte do Inverno, mas que acabam por ingerir quando outros alimentos escasseiam. Toda a planta é considerada tóxica para os humanos.

 

Família: OLEACEAE

Nome científico: Ligustrum vulgare L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa caduca ou marcescente

Nomes vernáculos: alfeneiro, alfenheiro, alfena, ligustro, santantoninhas, santoninhas, antoninhas, cascafilgueiro, fiafeira, filseira

Hábito: arbusto caducifólio ou semicaducifólio, até 3 metros, raramente 5 m; ramificado desde a base, possui copa arredondada ou irregular; ramos opostos, patentes e flexíveis, delgados com ritidoma liso e acinzentado; acastanhados e por vezes pubescentes quando jovens.

 

Folhas: opostas, curtamente pecioladas (sem estipulas), simples, inteiras, de lanceoladas a elípticas, 3-6 x 1-12 cm, ápice agudo ou acuminado, margens inteiras; caducas ou marcescentes, conforme o rigor do Inverno; têm consistência coriácea, lustrosa, são glabras em ambas as faces, sendo a superior verde-escura e a inferior verde-pálida, onde a nervura principal sobressai. Nos Invernos rigorosos as folhas tornam-se roxas e tombam, enquanto que nos invernos amenos permanecem nos caules até à Primavera.

Flores: flores regulares, hermafroditas; aromáticas, melíferas, agrupadas em panículas densas, terminais com 3-7,8 cm de forma piramidal, pubescentes; corola branca ou creme, com pétalas unidas formando um tubo comprido, que se dilata em forma de funil, abrindo-se no ápice em 4 lóbulos; têm 2 (3-4) estames, de filamentos curtos, saindo pouco do tubo da corola, anteras amarelas; ovário súpero com estilete verde e estigma bilobado; cálice de forma tubular ou campanulada, inteiro ou com 4 dentados, glabros.
Floração de Maio a Julho.

Frutos: baga ou drupa carnuda, ovóide ou subglobosa; primeiro verde e negro brilhante depois, 6-8 mm de diâmetro; amadurece em Setembro, permanecendo nos ramos parte do Inverno. Contêm 1 a 4 sementes castanhas e semiesféricas.

Gomos: opostos, ovóides, levemente achatados, pequenos até ± 5 mm; com 2 a 3 pares de escamas pardo-violáceo, ciliadas de branco, justapostos aos caules. As gemas apicais são maiores que as laterais.

Ritidoma: primeiro liso e verde, torna-se depois cinza-pardo, finamente fissurado, com lentículas visíveis, acinzentadas; raminhos glabros ou levemente pubescentes.

 

Habitat: arbusto de meia-sombra ou de plena luz com elevada amplitude ecológica; surge nas orlas e clareiras de bosques, matos, galerias ribeirinhas, e sebes. Tem preferência por solos calcários, férteis e ricos, mas suporta também os outros, desde que algo húmidos. Crescimento rápido, com uma longevidade de 30 a 50 anos. Suporta temperaturas negativas, até cerca de -15 °C. Ocorre naturalmente em planícies, colinas, baixas e médias altitudes até 800-1000 m ou mais nos Alpes.

Propagação: por semente, por estaca e por mergulhia, renova bem pelo cepo.

 

Distribuição geográfica: espontâneo em quase toda a Europa do Oeste, Sul e Central, excepto nas partes demasiado frias e com fraca presença na região mediterrânica. Presente também no Cáucaso, montanhas do noroeste de África: Marrocos, Ásia Menor e Irão. É o único representante nativo do género Ligustrum na Europa. Foi introduzido nos arquipélagos das Canárias, Açores, sudeste da Austrália, Nova Zelândia, EUA e sul do Canadá, Equador e Japão.

Em Portugal: é nativo no nosso País, onde encontra o limite sudoeste da sua distribuição natural. Os botânicos nacionais apenas consideram os alfeneiros de Trás-os-Montes como autóctones. Pode-se igualmente encontrar este arbusto na Beira Alta e províncias do Norte. Pessoalmente vi alguns pés de ligustro na Mata do Bombarral (Estremadura), e ao que parece são espontâneos.

 

Usos:

O alfeneiro, arbusto ideal para a formar sebes

o alfeneiro ou alfenheiro, (Ligustrum vulgare) foi e ainda é utilizado com frequência como arbusto ornamental, na formação de sebes, delimitando jardins, quintais, quintas e cercas, pois possui crescimento rápido; é pouco exigente e fácil de cultivar em qualquer solo que não seja muito seco, suporta perfeitamente a poda repetida. É também utilizado em arruamentos, e cada vez mais como sujeito isolado, onde a sua bela e melífera floração, seguida pelos cachos de bagas negras brilhantes têm levado jardineiros a privilegiá-lo nas suas composições.
O nome genérico, Ligustrum, era já utilizado pelos romanos e foi mantido por Lineu. O vocábulo latino ligare, que deu o nome ligustro, significa atar, ligar, pois os seus ramos muitos flexíveis serviam para atar, com o mesmo fim que os ramos de vimeiro.

o denso sistema de raízes do alfeneiro protege o solo da erosão


O ligustro, devido ao seu denso sistema radicular, que consiste em raízes principais altamente ramificadas, com inúmeras raízes laterais, protege o solo contra a erosão. O seu plantio em encostas íngremes e montes, depois de incêndios, devia ser mais comum, assim como em todas as situações em que é necessário fixar o solo.
Quanto à madeira do alfeneiro, homogénea, branca listrada de castanho, elástica, dura e muito pesada, serviu no fabrico de pequenos objectos torneado e em marchetaria. No entanto, devido à fraca circunferência dos seus talos ou hastes, tem pouco uso. Já o mesmo não acontecia com os seus compridos ramos, com os quais se confeccionavam cestos, de forma análoga aos de vime.

O género Ligustrum, a que pertence o alfeneiro, possui cerca de 50 espécies


Muitas destas espécies são cultivadas como ornamentais no nosso continente e mais especificamente na Península Ibérica, como a L. japonicum, L. obtusifolium. L. lucidum.
Encontra também no comércio cultivares ornamentais das várias espécies de Ligustrum, como: “Argenteovariegatum”, que possui folhas tingidas de branco, “Aureovariegatum”, com folhas tingidas de amarelo, “Aureum”, com folhas amarelas, “Buxifolium”, com limbos de10-30 mm, e “Xanthocarpum”, com bagas amarelas.

O ligustro suporta bem a poluição atmosférica.

 

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