Quercus suber – Sobreiro, Sobro

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Sobreiro

 

Família: FAGACEAE

Nome científico: Quercus suber L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa perene

Nomes vernáculos: sobreiro, sobro, sobreira, sovro, sovereiro, sôvero, chaparreiro, chaparro

.

Hábito: árvore robusta de folha perene com porte mediano podendo atingir 20 m de altura, copa ampla, irregular e pouco densa. Tronco flexuoso ramificado em grossas pernadas e revestido por ritidoma acinzentado, algo enegrecido, espesso e fendido: a cortiça; raminhos sinuosos tomentosos quando jovens, tornado-se depois acastanhados e lenticelados.

 

Folhas: simples, alternas, coriáceas, ovadas ou ovado-lanceoladas a oblongas, forma côncava, com 2-10 cm de comprimento e 1.2-6,5 cm de largura, verde-escuras lustrosas e glabrescentes na página superior e cinzento-tomentoso denso na inferior, margem inteira ou denticulada-espinhosa, com 5-8 pares de nervuras secundárias, sendo o ângulo entre a nervura primária e as secundárias com cerca de 45º; pecíolo de 3 a 5 mm. Possuem uma grande plasticidade morfológica, no mesmo indivíduo é possível encontrar folhas com margens dentadas e outras com  margens inteiras.  Persistem de 1 a 2 anos.

Flores: floração de Abril a Junho e parcialmente no Outono. As flores masculinas, finos amentilhos de 4 a 8 cm de comprimento, por grupos de 5 a 6 no extremo dos raminhos do ano anterior ou na base do raminho do próprio ano e as femininas, pouco visíveis, isoladas ou em pequenos grupos, na parte média do raminho do ano, ambas verde-amarelado.

Frutos: a bolota oval, de 2 a 4,5 cm de comprimento, com o ápice coberto de veludilho, atinge a maturação no Outono, evoluindo de verde a castanho-avermelhado na maturação, com uma cúpula coberta de escamas triangulares, curtas, imbricadas e densamente enfeltradas; curto pedúnculo lenhoso.

Frutifica a partir dos 15-20 anos.

Gomos: globulosos e pequenos, cobertos de escamas tomentosas.

Ritidoma: ritidoma suberoso grosso, com sulcos fundos longitudinais, de 15-20 cm – a cortiça – tornando-se liso e amarelado ou avermelhado nos troncos descortiçados.

 

Habitat: é chamada uma « árvore de plena luz ». Tolera climas com períodos estivais secos e pluviosidade baixa, mas prefere-os com teor médio a alto de humidade atmosférica, de 500-800 mm de pluviosidade anual e de húmus, suportando mal as geadas; desenvolve-se bem em todos os solos de textura leve a média e pH ácido ou neutro, mas evita os calcários.

Vai além dos 1200 m de altitude, sabendo que o essencial do povoamento nacional (bacias do Tejo e do Sado), não excede os 200 m .

Vive cerca de 250 a 300 anos, mas se descortiçado raramente vai além dos 150-200 anos.

Propagação: propaga-se por semente, renova bem pelo cepo.

 

Distribuição geográfica: originária do Oeste da Região Mediterrânica: Espanha, França, Itália, Argélia e Marrocos.

Em Portugal: árvore esporádica ou com pequenos núcleos no Norte do País, mas com grande frequência a sul do Tejo onde surge na forma de montados. Ocupa extensos povoamentos, na parte oeste do Alentejo, bacia do Tejo e Terra-Quente de Trás-os-Montes. Está frequentemente associada à azinheira e ao carvalho-cerquinho, mas também existe em matas estremes (onde só habita uma espécie) – montados de sobro.


 

Usos: O sobreiro é explorado essencialmente pelo valor comercial da cortiça, que se extrai do seu tronco. Bom isolador térmico e acústico, a cortiça é utilizada com diversas finalidades: cortiços de abelhas, rolhas, tapetes, palmilhas, etc; os desperdícios são utilizados na indústria de linóleo, serradura de cortiça, fabricação de aglomerados e outros. Portugal é o maior produtor mundial.

Madeira dura, moderadamente pesada, muito retráctil é difícil de trabalhar. Outrora utilizada na construção naval, está hoje limitada a peças de mobiliário e soalhos, carpintarias diversas, mobiliário rústico e peças agrárias rudimentares. Possui bom poder calorífico.

Oferece uma boa protecção dos solos e é um precioso aliado na luta contra os incêndios, devido à cortiça ignífuga e à sua fraca cobertura sub-arbustiva.

 

 

O Montado

Um conjunto de sobreiros tem o nome de montado, sobral ou sobreiral.  O montado de sobro, representa cerca de 70% da área total no nosso País, sendo os outros 30% devolvidos ao montado de azinho. A um sobreiro jovem dá-se o nome de Chaparro.

Os « montados de sobro », como « os montados de azinho » encontram-se geralmente em associação com uma outra cultura ou pastagem. Existe também em povoamentos mistos com azinheiras.

O Descortiçamento

A época de descortiçamento vai de Junho a Setembro. Por lei, o primeiro descortiçamento das árvores jovens só pode ser realizado quando o perímetro do tronco tiver 70 cm. Para além disso, a árvore tem de ter pelo menos 25 anos para se fazer a primeira extracção, a que se chama a desbóia. Essa primeira cortiça é denominada virgem e é aproveitada para a criação de artigos decorativos. A extracção da casca de um sobreiro é feita de 9 em 9 anos. Na extracção da segunda camada de um mesmo sobreiro ou secundeira, a cortiça ainda não está apta para ser transformada em rolhas. Só 9 anos depois é que se tira a amadia, nome que se dá à cortiça madura e ideal para a produção de rolhas. Portanto, o sobreiro tem de maturar pelo menos 43 anos até produzir a cortiça própria para rolhas.

Depois de descortiçado, o tronco ostenta uma cor pardo-avermelhada.

descorticamentosobreiro_descorticado

 

Em termos ecológicos a cortiça apresenta uma grande importância, já que por um lado protege a árvore do fogo e por outro serve de abrigo a inúmeros animais, sobretudo insectos e plantas: musgos, líquenes e até algas microscópicas.

Para além da cortiça, os montados de sobro têm um grande valor económico: a glande, alimento do gado suíno, a madeira e a lenha, para queimar directamente ou fazer carvão, por fim, o entrecasco do qual se extraem os taninos.

 

 

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