Quercus canariensis – Carvalho-de-monchique

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Prunus spinosa – abrunheiro-bravo
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Carvalho-de-monchique

 

Família: FAGACEAE

Nome científico: Quercus canariensis Willd.

Publicação: 1809

Grupo: folhosa semicaducifólia

Nomes vernáculos: carvalho-de-monchique, carvalho-das-canárias

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Hábito: árvore marcescente de porte mediano a elevado, podendo atingir 30 m de altura com copa densa e cimo largo; ramificações algo tortuosas, raminhos cinzento-esverdeados com pubescência efémera, passando depois a glabros e lisos. Tronco robusto e erecto com ritidoma grosso, cinzento-pardo e gretado em placas.

 

Folhas: simples, alternas, coriáceas, de oblongo a obovadas, elíptica-oval ou em forma de lança larga, por vezes convexas, margens serradas, crenadas, com 8-14 pares de lobos mais ou menos regulares, com lobo terminal mais ou menos acuminado, tomentosas quando jovens, tornam-se glabras na maturidade; verde-escuro na página superior e pubescente na página inferior com nervuras salientes paralelas, variam entre 5-20 cm x 2,5-11 cm de largura. A folhagem é marcescente e perene pois uma parte das folhas mantém-se na árvore após ter murchado até à Primavera, enquanto que outras conservam-se verdes durante o Inverno

Flores: masculinas amarelo-esverdeado, com 6 lobos estão dispostas em amentilhos de 4 a 8 cm de comprimento em posição terminal, as femininas sobre um pedúnculo curto. A floração ocorre entre Abril e Maio.

Frutos: glande que se desenvolve de forma solitária ou agrupada em duas ou três bolotas ovais cilíndricas, com 2,5 cm de comprimento e pedúnculo curto de 0,5 a 1 cm; cúpula semiesférica, com inúmeras escamas velosas ovado-lanceoladas engloba 1/3 da bolota. Frutifica entre Outubro e Novembro do mesmo ano.

Gomos: pontiagudos, cónicos com aproximadamente 7 mm, cobertos por numerosas escamas castanho-claras, franjadas de pubescência esbranquiçada.

Ritidoma: cinzento-escuro, rugoso, fendido em placas grosseiramente quadrangulares pouco profundas.

 

Habitat: árvore de meia luz com preferência por climas suaves, humidade atmosférica e pluviosidade anual superior a 600 mm, aprecia substratos ácidos em encostas e vales frescos e abrigados, frequente na vizinhança das linhas de água. Ocorre em locais com humidade até 700-900 m na Península Ibérica e 1600 m no Atlas marroquino. Crescimento rápido, resiste ao frio mas nunca se afastando muito da influência marítima, razão pela qual não penetra no interior peninsular.

Vive 300 anos e mais.

Frutifica desde os primeiros anos.

Propagação: propaga-se por semente e rebenta bem pela touça e raízes.

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Distribuição geográfica: carvalho endémico do Sudoeste da Bacia do Mediterrâneo –  Península Ibérica: Andaluzia, Serra Morena, Montes de Toledo, região de Cádis, Catalunha e Serra de Monchique; Noroeste da África: cordilheira do Atlas (Marrocos e Argélia), Tunísia.

Em Portugal: encontramos este carvalho em pequenos bosques isolados na Serra de Monchique. Provável existência de alguns indivíduos isolados ou em bosquetes pelo resto do Algarve.

 

Usos: espécie florestal que produz  madeira de boa qualidade de cor escura, pesada e boa de trabalhar. Utilização em  marcenaria, tanoaria, construção naval e mais…


Este carvalho raro, ornamental, elegante e majestoso, poderá ter um importante papel na protecção e regeneração dos solos, na produção de madeira de alta qualidade e na estética da paisagem. O Quercus Canariensis era parte de um grupo de plantas que pertencia à floresta clímax de outrora. Pode hibridar facilmente com o carvalho roble (Quercus robur) designado por Quercus x carrissoana, e com o cerquinho (Quercus faginea) cujo híbrido é designado por Quercus x jahandiezii A. Camus, ou Quercus x fagineomirbeckii. O carvalho das Canárias, contrariamente ao que o seu nome indica não é originário deste arquipélago e se lá existiu, hoje em dia, nada resta. A origem desta apelação deve-se talvez a um erro de etiquetagem, por parte do botânico alemão Carl Ludwig Willdenow, inventor da espécie.

 

Câmara Municipal de Monchique refloresta a serra

A Câmara Municipal de Monchique, conjuntamente com membros voluntários de associações de promoção de responsabilidade social corporativa, tem vindo nestes últimos anos a organizar plantações de árvores autóctones, nomeadamente de centenas de plântulas de carvalho-de-monchique (Quercus canariensis) na serra de Monchique (902 m de altitude, precipitações médias anuais entres os 1000 e os 2000 mm, que associadas a temperaturas suaves permitem a existência de uma vegetação rica e variada, como a adelfeira (Rhododendron ponticum)) autêntica relíquia de eras passadas. Os objectivos são a conservação e a valorização da floresta natural, arborizar partes da serra sem coberto vegetal, combater os incêndios através a criação de mosaicos de espécies capazes de proteger a floresta dos mesmos e de diminuir o fenómeno da «triste e futuramente catastrófica» monocultura à toa, do eucalipto.

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