O Jardim

Sophia de Mello Breyner Andresen, jovem
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Sophia de Mello Breyner Andresen, jovem

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

O Jardim

O jardim está brilhante e florido,
Sobre as ervas, entre as folhagens,
O vento passa, sonhador e distraído,
Peregrino de mil romagens.

É Maio ácido e multicolor,
Devorado pelo próprio ardor,
Que nesta clara tarde de cristal
Avança pelos caminhos
Até os fantásticos desalinhos
Do meu bem e do meu mal.

E no seu bailado levada
Pelo jardim deliro e divago,
Ora espreitando debruçada
Os jardins do fundo do lago,
Ora perdendo o meu olhar
Na indizível verdura
Das folhas novas e tenras
Onde eu queria saciar
A minha longa sede de frescura.

 

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
in « Dia do Mar« , 1947

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