Floresta
Entre o terror e a noite caminhei
Não em redor das coisas mas subindo
Através do calor de suas veias
Não em redor das coisas mas morrendo
Transfigurada em tudo quanto amei.
Entre o luar e a sombra caminhei:
Era ali a minha alma, cada flor
cega, secreta e doce como estrelas
Quando a tocava nela me tornei.
E as árvores abriram os seus ramos
Os seus ramos enormes e convexos
E nos estranho brilhar de seus reflexos
Oscilavam sinais, quebrados ecos
Que no silêncio fantástico beijei
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
in « Dia do Mar« , 1947
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