Fraxinus excelsior – Freixo-europeu

frutos, sâmaras de freixo – Fraxinus angustifolia
Fraxinus angustifolia – Freixo-de-folhas-estreitas
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Fraxinus ornus – Freixo-florido
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Freixo-Europeu, Freixo-Comum -

FREIXO-EUROPEUABREVIADO

O freixo-europeu, é das mais belas árvores da floresta europeia. Comum em toda a parte central do nosso continente, evita as regiões demasiado frias do Norte, e aquelas quentes e secas do Sul. Em Portugal apenas se encontra ocasionalmente no Minho. Apesar de não existir consenso, a comunidade científica considera actualmente esta espécie, como não sendo autóctone no nosso País. É uma árvore florestal, de crescimento rápido, cuja madeira excelente, tem muitas utilizações. A importância que teve para os povos europeus aparece em várias mitologias que lhe atribuíram um papel de relevo entre o mundo humano e o divino.

 

Família: OLEACEAE

Nome científico: Fraxinus excelsior L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa caduca

Nomes vernáculos: freixo-europeu, freixo, freixo-comum, freixo-vulgar

 

Hábito: Árvore caducifólia de grande porte, até 40 m de altura, mais comummente entre 30 e 35 metros; tem copa ovalada e pouco densa, ramos ascendentes, fuste direito e cilíndrico; casca cinzenta, lisa em jovem e rugosa depois. Folhas opostas e imparipinuladas e gemas negras.

 

Folhas: opostas, compostas, imparipinuladas, com 20-35 cm de comprimento e pecíolos de 1,6-6,6 cm; (5)9-13(15) folíolos lanceolados, os laterais subsésseis sendo o terminal pouco peciolado, cada lâmina de 22 x 47 mm, margens dentadas ou inteiras apenas na base; página superior verde-brilhante, sendo a inferior mais clara com pubescência na base do nervo mediano. As folhas surgem tardiamente, depois das flores. No Outono, a folhagem fica de um belo amarelo, antes de cair.

Flores: floração em panículas, ocorre de Abril e Maio nos ramos do ano anterior; as flores simples, compostas por 2 estames ou 1 estigma, 1 ovário com dois estiletes, dispõem-se em inflorescências axilares e são verdes ou vermelhas, hermafroditas ou unissexuais sem cálice nem corola com anteras de cor purpúrea, e estigma bilobado, aparecem antes das folhas.

Frutos: o fruto é uma sâmara elíptica, achatada e indeiscente que amadurece em Setembro, permanece depois na árvore durante o Inverno; geralmente apresenta-se em grupos pendentes de 10 a 20, com longo pedúnculo fino, asa oblonga-lanceolada e ápice; com 1 x 3-5 cm, glabra; verde-brilhante primeiro, torna-se castanha mate na maturação.

Gomos: grandes gemas negras, opostas, tomentosas, sendo as terminais piramidais e as axilares mais pequenas e globosas.

Ritidoma: cinzento-claro com numerosas lentículas e liso em exemplares jovens, torna-se pardo-acinzentado, rugoso com um reticulado de fissuras longitudinais profundas e estreitas nos mais velhos.

 

Habitat: árvore de meia-luz, que suporta uma certa cobertura nos primeiros anos; requer clima atlântico de Verão húmido, (necessita de pluviometria regular todo o ano), sem encharcamento. Faz usualmente parte da chamada mata ribeirinha, ou bosques ripícolas, assim como em planícies aluviais ou montanhas chegando aos 1500 m de altitude. Possui grande resistência ao frio, até -32 °C, mas sensível às geadas tardias. Indiferente ao pH do solo, aceita-os todos, desde que sejam húmidos, profundos e normais ou, ricos em nutrientes. Possui um sistema radicular profundo e bem desenvolvido. O crescimento é considerado médio a rápido. É uma espécie que alcança os 200 anos de idade, ou mais.

Frutifica a partir de ± 30 anos. 

Propagação: por semente e renova bem pelo cepo.

 

Distribuição geográfica: espécie europeia com ampla distribuição que estende a sua área natural por quase todo o Continente, do Norte da Península Ibérica (especialmente no terço Norte, com alguns enclaves no Centro, nos Pirenéus e na Cordilheira Cantábrica), aos Montes Urais e Cáucaso, do Sul da Escandinávia ao Norte da Grécia.

Em Portugalencontra-se ocasionalmente no Minho, em linhas de água e lameiros.

 

 

Usos: produz madeira de alta qualidade, clara, anacarada, resistente e elástica com boas características mecânicas para a marcenaria e tornearia. Tem grande aplicação nomeadamente em carpintaria, soalhos, mobiliário, folheado, instrumentos musicais e em cabos de ferramenta.

A espécie apresenta interesse na recuperação de estações florestais húmidas degradadas. Mas entre nós é essencialmente plantado como ornamental, muitas vezes perto de zonas ribeirinhas, onde se associa com outras espécies ripícolas. A eucaliptização do Pais e do lobby das papeleiras, assim como a inexistência de uma política florestal em prol das essências nobres não favorecem a plantação desta espécie e de outras nas nossas florestas caducas. Portugal prefere comprar madeira desta essência para a sua indústria do mobiliário, hoje muito em voga, pela cor clara anacarada que o consumidor procura.

As suas folhas, como as folhas do freixo-de-folhas-estreitas – (Fraxinus angustifolia), podem servir de forragem.

 

 

 

O freixo-europeu e as mitologias

Como outras árvores da flora europeia, o freixo-europeu integrou as diferentes mitologias dos povos indo-europeus; facto que mostra a importância que teve nas sociedades antigas

Começamos pela mitologia grega que faz brotar o freixo dos pingos de sangue que caíram no chão quando Cronos cortou os órgãos genitais de Úrano. Mais tarde, quando Zeus tentou criar a Humanidade, fê-lo a partir do freixo. Esta espécie humana particularmente violenta, passou o tempo lutando e destruindo-se uns aos outros. Existia também a crença nos gregos antigos de que o freixo era a grande árvore universal, pois as suas extensas e profundas raízes uniam a Humanidade ligando o mundo dos vivos ao mundo dos mortos. O freixo estava também ligado a Poseidon, deus dos mares, pois as sacerdotisas dos seus templos tomavam as decisões importantes à sua sombra.

Na mitologia escandinava, Yggdrasil, a Árvore do Mundo sustinha todo o Universo, era o eixo e o suporte deste. A gigantesca árvore que personificava o Mundo, era um freixo. O culto escandinavo dedicou o freixo a Odin (Wotan), rei dos céus, concedendo-lhe poderes sobrenaturais. Foi também nesta árvore que Odin ter-se-á sacrificado, acreditando que assim atingiria a iluminação e o saber. A mitologia nórdica, como outras, evoca o casal primordial, cuja união dará origem à Humanidade. Foi a partir de um freixo que Odin criou Ask, o primeiro homem e de um olmo, Embla, a primeira mulher.

 

 

 

 

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