Acer monspessulanum – Zêlha

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Zêlha

ABREVIADO

A zêlha é uma das duas espécies de aceráceas autóctones do nosso território, sendo a outra, o bordo (Acer pseudoplatanus). Árvore nativa da região mediterrânica, facilmente reconhecível pelas suas pequenas folhas trilobadas que no Outono ficam com tonalidades amarelo, laranja ou vermelho. O paralelismo dos frutos também ajuda a distinguir este ácer dos outros. Grande arbusto ou pequena árvore de folha caduca, de 3 a 7 metros de altura. Cresce em bosques claros, matagais e baldios, com preferência por solos calcários e secos.

 

 

Família: SAPINDACEAE

Nome científico: Acer monspessulanum L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa caduca

Nomes vernáculos: zêlha, enguelgue, bordo-de-mompilher

Hábito: arbusto ou pequena árvore de folha decídua que raramente chega aos 15 metros de altura, geralmente tem porte de 5 a 10 m, devido às mutilações; possui copa irregular ou abobada e densamente ramificada desde a base. Raminhos opostos, delgados e rígidos, castanho-avermelhados, levemente brilhantes com lenticelas patentes; tronco curto, grosso até 75 cm de diâmetro; ritidoma primeiro liso e cinzento-amarelado, torna-se escamoso que se desprende em placas na idade adulta

 

Folhas: caducas, simples, opostas, palmadas, longamente pecioladas, 3-7 centímetros; lâminas pequenas, 2,5-5 × 3,5-6 cm, com 3 lóbulos iguais, obtusos, raramente agudos, de contorno ovado; 3 nervuras principais salientes, margens inteiras, glabras e coriáceas; base do limbo cordada, com leve pubescência nas axilas das nervuras da página inferior; verde-escuras e lustrosas na página superior, glauca na inferior. As folhas que desabrocham no início do Verão, apresentam ocasionalmente o esboço de 2 lobos suplementares na base.

Flores: espécie monóica, inflorescência corimbiforme, composta por pequenas flores verde-amareladas, polígamas (o mesmo pé, apresenta flores femininas, masculinas e hermafroditas); com 5 sépalas, 5 pétalas e 8 estames inseridos na margem interna do disco nectarífero, dispostas em cachos primeiro erectos, depois pendentes, com 2-3 cm de comprimento, no extremo dos raminhos; pétalas glabras.

Surgem em Março e Abril, antes, ou aquando da foliação e são muito melíferas.

Frutos: frutificação abundante. Fruto seco, globoso, indeiscente, monospérmico, chega à maturidade em Agosto-Setembro. As dissâmaras, (duplas sâmaras) com asas membranosas atenuadas na base, facilitam a dispersão da espécie pelo vento, são glabras e subparalelas ou convergentes, formam entre elas um ângulo fechado, aproximadamente agudo de 20º-60º; tendo cada par cerca de 2 a 3 cm, com pedicelo de 4 cm; verdes matizados de vermelho quando jovens e castanho-avermelhado na maturidade; mantêm-se na árvore, depois da queda das folhas.

Gomos: opostos, ovóides, pequenos de 0,3 a 0,5 cm, cobertos por escamas glabras, pardo-avermelhadas e sem viscosidade,

Ritidoma: liso e cinzento-amarelado em jovem, torna-se pardo-acinzentado, rugoso, fendilhado verticalmente e escamoso que se desprende em placas na maturidade.

 

Habitat: árvore rústica de plena luz que tolera mal o ensombramento. Ocorre pontualmente em matos e bosques caducifólios ou mistos, abertos; nas zonas colinosas, montes e montanhas baixas. Aprecia climas quentes e solos secos, excelente resistência à seca. Prefere substratos calcários, pobres, cascalhosos, pedregosos, com fendas de rocha, pois possui enraizamento profundo ainda que se encontre noutros tipos de solos, como os xistosos. Sobrevive até cerca de 800-1000 m de altitude; possui grande resistência ao frio : -23° C.

Propagação: por semente, mergulhia ou estaca; rebenta bem de touça; aceitando bem a poda; naturaliza-se facilmente se as condições ecológicas e o homem o permitem. Crescimento lento, podendo viver de 120 a 150 anos.

 

Distribuição geográfica: espécie circum-mediterrânea que vive no sul da Europa (Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália), noroeste de África e sudoeste da Ásia (Turquia e Líbano).

Em Portugal: a zêlha é espontâneo a norte do Tejo, mas rara. Encontra-se com maior frequência na Estremadura (serras de Candeeiros, de Montejunto e de Arrábida), no centro (serra do Açor), e norte interior (Douro, Beiras e Trás-os-Montes).

 

Usos: espontânea ou cultivada como árvore ornamental em parques e jardins, em alinhamento nas avenidas e alamedas, bem como em sebes. A partir de finais de Outubro-Novembro as folhas exibem uma interessante coloração, ficam amarelas, laranja ou vermelhas, antes de caírem no fim do Outono. Também devido às suas raízes profundas torna-se uma árvore útil no combate à erosão dos solos. Quanto aos insectos, estes e particularmente as abelhas, encontram nas flores melíferas da zêlha um abundante e excelente néctar.

Madeira de boa qualidade, dura, densa, de 550 a 750 kg/m3, clara (tons rosados ou avermelhados), homogénea com uma granulação fina, fácil de trabalhar. Utilizada em marcenaria, carpintaria, torneamento e no fabrico de instrumentos musicais como as gaitas-de-foles na região de Miranda do Douro. Devido à acção do homem, o seu uso está limitado pelas dimensões satisfatórias que raramente atinge.

 

 

as subespécies de zêlha

Na área natural da zêlha existem várias subespécies. Contudo, só é reconhecida como subespécie pelos botânicos, o Acer monspessulanum subsp. microphyllum, que ocorre na Turquia e no Líbano.

a zêlha na Antiguidade

O termo “Acer” que designa esta família botânica vem do latim ǎcěr = acerado. Este termo refere-se às pontas características das folhas palmadas ou à dureza da madeira dos áceres que, supostamente, seria usada pelos romanos no fabrico de lanças. Já na mitologia grega, o ácer é dedicado a Fobos, deus do Terror, filho de Ares, deus da guerra e irmão de Deimos, deus do Medo.

 

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