Árvore, cujo pomo, belo e brando,
22 mars 2016As Árvores e os Livros
27 mars 2016.
ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas… curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido… e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
– Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água! !
Florbela Espanca (1894-1930),
in « Charneca em Flor », 1931.
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