Árvore verde

Choupos
27 mars 2016
Bailemos agora, por Deus, ai velidas,
27 mars 2016
Choupos
27 mars 2016
Bailemos agora, por Deus, ai velidas,
27 mars 2016

Árvore verde

Árvore verde,
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.

Que bom não ser
‘Stando acordado !
Também em mim enverdecer
Em folhas dado !

Tremulamente 
Sentir no corpo
Brisa na alma !
Não ser quem sente,
Mas tem a calma.

Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha,
Como eu a odiava !

Volvia a noite,
E o sonho a mim.
Era o meu lar,
Minha alma afim.

Depois perdi-o.
Lembro ? Quem dera !
Se eu nunca soube
O que ele era.

3-8-1930
Fernando Pessoa (1888-1935),
in « Poesias Inéditas (1919-1930),  Ática, 1956 (imp. 1990).