Quando um ramo de doze badaladas

Poema das folhas secas de plátano
27 mars 2016
Raízes
27 mars 2016

QUANDO UM RAMO DE DOUZE BADALADAS

 

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

Menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

 

Natália Correia,
in « Poesia Completa », Publicações Dom Quixote, 1999.