Chamaerops humilis – Palmeira-anã

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Palmeira-Anã, Palmeira-das-Vassouras

PALMEIRA-ANÃ – ABREVIADO

A palmeira-anã, é a única espécie do género Chamaerops e a única espécie de palmeira nativa da Europa Continental. Existe uma outra espécie de palmeira europeia, Phoenix theophrasti, mas esta é natural da ilha de Creta. Quanto à Phoenix canariensis, esta é natural das Canárias.

Podemos dizer que se trata de uma planta com grande resiliência perante os incêndios que percorrem a vegetação mediterrânica, com a capacidade de rebentar e de formar moitas, garantido rapidamente alimento e abrigo a inúmeros animais. Perante a inevitável mudança climática, a palmeira-anã possui trunfos que devíamos valorizar, fora dos requintados jardins da costa.

 

DESCRIÇÃO

No estado selvagem, a palmeira-anã, é um arbusto de pequeno porte, de 0.5 a 2 m de altura, raramente 4 m ou mais, acaule, cespitosa, de folha em leque e persistente. No entanto, em condições ideais de cultura, pode atingir 6 a 8 m de altura.

As folhas palminérveas, persistentes e coriáceas, dispõem-se em roseta terminal dos ramos mais jovens, de 50 a 80 cm de diâmetro; são verdes na página superior e esbranquiçadas na inferior, em forma de leque; a lâmina é dissecada em 24 a 32 lacínias (segmentos) estreitas e pontiagudas, com um pecíolo, comprido de 0.3 a 1 m, delgado, com numerosos espinhos laterais, amarelados, rígidos até 3 cm de comprimento. O espique, (tronco das palmeiras) é coberto por fibras brancas acinzentadas que correspondem ao resto das folhas dos anos anteriores.

A inflorescência é uma espádice até 35 cm de comprimento, circundada por 2-4 espatas. É uma espécie geralmente dióica – as numerosas flores masculinas e femininas, encontram-se em pés diferentes, mas podem coexistir com flores hermafroditas. As flores são amareladas e nascem em panículas laterais densas. As flores masculinas apresentam 6 a 9 estames com filamentos curtos sobrepondo um cálice carnoso, as flores femininas têm 3 carpelos monocárpicos carnosos, também. A floração vai de Março a Maio.

O fruto é uma drupa globosa a oblonga, de 1,2 a 3,5 mm, verde primeiro, torna-se amarela, laranja ou, castanha ao amadurecer, no final do Verão. Possui polpa fibrosa e levemente adocicada. Bastante adstringente, pode ser, depois de cozida, transformada em doce.

O espique possui a superfície revestida por fibras escuras, provenientes da desagregação de bainhas velhas. A palmeira-das-vassouras possui crescimento lento, facto que favorece a surgimento de numerosos pimpolhos na base do espique central, o que lhe dá aspecto de moita.

 

ECOLOGIA

Vegeta em matos e matagais termófilos, em encostas soalheiras e pedregosas, próximos do litoral. Prefere solos secos, compactos, pedregosos e pobres, derivados de arenitos, calcários ou xistos, ácidos ou básicos. Boa resistência ao frio até – 12 °C., mas só vegeta a partir dos 10° C. Resiste também ao fogo e à maresia. Desenvolve-se nas terras quentes algarvias até 400 m de altitude, mas no Sul da sua área de distribuição atinge 1000 metros de altitude.

Propaga-se por semente, por pimpolho ou divisão dos troncos basais. Crescimento lento, pode viver 100 anos ou mais.

 

 DISTRIBUIÇ­ÃO

Endemismo mediterrânico, é nativo da costa mediterrânica ocidental, podendo ser encontrada em estado espontâneo em Portugal, Espanha, França, Itália, Marrocos, Argélia e Tunísia.

Em Portugal, a palmeira-das-vassouras, surge espontaneamente sobretudo no Algarve ao longo da costa, assim como em todo o barrocal, onde integra formações vegetais litorais de matos perenes como aroeiras e sanguinho-das-sebes; pontualmente, surge também no Alentejo e segundo alguns autores, na Serra da Arrábida.

 

USOS

Outrora tivera um papel económico no fabrico de objectos artesanais com uso na vida quotidiana das populações. As folhas por exemplo, eram aproveitadas para fazer cestas, esteiras, chapéus, vassouras e leques; a polpa das bagas, preparada, era também ingerida. Hoje a sua importância económica reside no comércio com fins ornamentais nas regiões de origem ou não.

Valor ecológico da palmeira-anã

Embora de pequenas dimensões, a palmeira-anã, não passa despercebida no seu meio natural. Certamente que a forma e o aspecto invulgar das folhas em leque, incomum na nossa flora, chamam imediatamente a atenção de quem por perto passa. Naturalmente rastreada à costa e barrocal algarvio, o forasteiro pode apercebê-la aninhada ao resto da vegetação rasteira, que por ali cresce. Por várias razões, esta palmeira precisa de uma maior atenção da nossa parte. A primeira, é de ser a única palmeira nativa do nosso continente, a segunda diz respeito ao seu valor ecológico, que nada tem a ver com o valor económico e, portanto, dificilmente calculável!

Antes de mais devemos dizer, que segundo a IUCN, a população global desta palmeira conhece uma tendência decrescente da população selvagem. De facto, a palmeira-das-vassoura tem o mesmo gosto pela beira-mar que os turistas e como ambos querem ocupar o mesmo território, é evidente que se nada for feito, já se sabe quem vai ganhar! Possivelmente que acontecerá o mesmo na costa algarvia que o que já aconteceu na costa Sul da França, a Côte d’Azur, que urbanizada em grande escala levou a palmeira-anã à situação de relíquia ao destruir o seu habitat. À betonização do litoral acrescenta-se as outras actividades humanas no interior das terras. A longo prazo, parece difícil travar o declínio desta maravilha botânica.

A palmeira-anã, desenvolve-se nos substratos mais pobres, como areias, resiste a condições climáticas extremas como a secura. As profundas raízes fixam a terra, protegendo-a da erosão. Possui a capacidade de regenerar após incêndios, sendo capaz de sobreviver em zonas repetidamente queimadas e desprovidas de plantas de grande porte; impede o desgaste dos solos e a desertificação. Forma moitas densas e quase impenetráveis, que são refúgios para a fauna, que lá encontra protecção e alimento.

Valor Ornamental

A palmeira-anã, se cultivada deixa de o ser, isto acontece quando recebe os cuidados de um jardineiro.

Se mal atinge dois metros na natureza, pode chegar aos seis ou oito metros de altura em cultivo na sua variedade arborescens. Com um ou vários troncos, terá o seu lugar num grande ou pequeno jardim ao qual dará um irremediável toque de exotismo. Esta espécie é representativa das linhagens ancestrais de eras tropicais.

Apesar da grande variabilidade do seu hábito e aparência; esta espécie tem apenas 2 variedades aceites:

Chamaerops humilis var. humilis. Folhas verdes.

Chamaerops humilis var. argentea André (sin. C. humilis var. cerifera Becc.). Folhas verde-azuladas. Atlas, Norte da África. Reconhecida como uma das palmeiras-anãs mais resistentes.

Por fim, detém conjuntamente com o restante cortejo da vegetação mediterrânica, a perfeita adaptação ao clima mediterrânico, com invernos frescos e húmidos e verões secos e quentes.

 

Família: ARECACEAE

Nome científicoChamaerops humilis L.

Publicação: 1753

Grupo: folhosa perene

Nomes vernáculos: palmeira-anã, palmeira-das-vassouras, palmeira-vassoureira

 

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