CORONILHA
A coronilha não tem nome comum ou vulgar conhecido em português. Não sabemos se houve algum levantamento junto das populações alentejanas e algarvias, onde cresce a coronilha, para saber se os locais lhe atribuem nome específico. Encontrámos, no entanto, em alguns documentos a denominação de “coronilha” e de “pascoinhas”. Decidimos escolher a primeira para designar a Coronilla juncea, aqui descrita, quanto ao segundo nome “pascoinhas”, este pode criar confusão com Coronilla glauca. Permitimo-nos aqui propor algumas sugestões de nome comum em português, para esta coronilha. O primeiro seria “coroas”, nome inspirado pela forma que toma a composição das flores e, também pelo nome latim desta planta “Coronilla”. O segundo seria “coronilha-de-folha-estreita”. Nome dado a esta planta em várias línguas europeias, pois a folha, é de facto bastante estreita em comparação com as outras espécies do género. Por fim, sugerimos “coronilha-junco”. Esta apelação é devida ao nome latim “juncea”; visualmente, a coronilha toma depois da queda das folhas, certa parecença com os juncos.
Mas o ideal, seria possuir um nome de raiz popular, vindo da coabitação com esta planta. Pedimos aos algarvios e alentejanos, que caso conheçam uma designação local desta planta, que nos a comuniquem.
DESCRIÇÃO
Hábito: pequeno arbusto, algo lenhoso, de 40 a 200 centímetros de folha caduca. Caules erectos, delgados, ocos, semi-herbáceos, junciformes, de cor glauca, glabros, muito ramificados e com longo entrenó. Folhas compostas por 3 a 7 folíolos. Flores com corola amarela, agrupadas em inflorescências pedunculadas. O fruto é uma vagem cilíndrica e pendente.
Folhas alternas, pecioladas, decíduas no final da Primavera, verde glauco, compostas, pecíolos (ráquis) achatados, imparipinuladas com 2 a 3 pares de pínulas, algo carnosas, oblongo-lineares de 5-28 1-5 mm, apiculadas; pínulas florais frequentemente trifolioladas. Estípulas 1,7-3 mm, elípticas, membranosas e livres umas das outras, decíduas também.
abundante floração amarela de Fevereiro a Julho, com maior incidência em Abril e Maio. As flores hermafroditas, de forma papilionácea, com pedicelos mais longos que as folhas, agrupadas em Inflorescências axilares umbeliformes simples de 5 a 10(14) peças, em arranjo circular que lembra uma coroa. A corola, amarela, mede cerca de 9 mm, apresentando, como é característico da família, estandarte, asas e quilha.
O fruto é um lomento, de contorno cilíndrico de 12 a 55 mm de comprimento, levemente arqueado, glabro, estreito, pendente, castanho; articulados em 3 a 11 segmentos que se separam facilmente, quando maduros. Sementes de 1,1 × 2,6 mm, ovóide, pardacentas, venenosas.
O ritidoma é glauco, glabro e estriado.
ECOLOGIA
planta de plena luz que suporta ensombramento ligeiro, prospera de preferência em solos pobres, calcários, argilosos, pedregosos e soalheiros. Arbusto muito resistente à seca. Surge nas margens dos campos, matos, baldios e à beira de caminhos e estradas. Resiste a geadas até -7 °C. Ocorre até cerca de 500 m, 1100 m noutras partes da Europa. Propaga-se principalmente por semente; divisão do pé, estaca ou mergulhia. Planta pioneira com longevidade curta de alguns anos.
DISTRIBUIÇÃO
Região Mediterrânica Ocidental, desde a Península Ibérica e ilhas Baleares até à Croácia e no Norte de África, desde Marrocos até à Tunísia.
Em Portugal está presente nas terras secas do Algarve, Alto e Baixo Alentejo.
USO
a coronilha uma planta ornamental
A coronilha tem um grande valor ecológico, com capacidade de permanecer em terras pobres, de resistir à seca, de manter uma cobertura vegetal, onde outras plantas não sobrevivem. Semelhantes características, das quais sobressaem a capacidade de prosperar em terras secas e que o serão cada vez mais nas próximas décadas, levam o amador de jardins secos, a privilegiar a coronilha como planta ornamental, com pouca ou nenhuma rega. Pode-se também plantar nos mesmos jardins as pascoinhas (Coronilla glauca), mas deverá ter em conta uma rega mais abundante.
